
O consumo de café caiu 15,96% em abril em comparação com o mesmo mês de 2024, após uma virada de ano marcada por altas nos preços do torrado e moído nas prateleiras dos supermercados e nas cafeterias. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (22/5) pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
Em março, o recuo foi de 4,87%, enquanto fevereiro e janeiro apresentaram tímidas altas de 0,89% e 1,26%, respectivamente.
Nos primeiros quatro meses do ano, o consumo de café no varejo brasileiro — responsável por 73% a 78% da demanda interna — registrou queda acumulada de 5,13%, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Os preços do café moído acumulam 80,2% de alta nos últimos 12 meses, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
“Quando analisamos fevereiro de 2024 com fevereiro de 2025, a tendência de leve aumento seguiu com 0,89% de sacas vendidas. Já em março, houve a primeira sinalização de queda, de 4,87% de vendas de sacas em relação ao mesmo mês de 2024”, detalha a associação.
Segundo o levantamento, foram vendidas 4,75 milhões de sacas nos quatro primeiros meses do ano, contra 5,01 milhões no mesmo intervalo de 2024.
Por outro lado, a entidade destaca que, apesar da redução no acumulado anual, as vendas mostraram leve recuperação na comparação mensal mais recente, com alta de 0,84% entre março e abril de 2025.
“O comportamento ainda reflete efeitos de sazonalidade e restrições de abastecimento que marcaram o fim de 2024”, explica a Associação, em nota, lembrando que o índice de oferta de café para a indústria chegou a níveis críticos em novembro e dezembro do ano passado.
Para a associação, o abastecimento de matéria-prima pelas indústrias deixou de ser crítico em fevereiro deste ano, sinal de “oferta seletiva”, isto é, que dificulta a obtenção de grão cru de qualidade ou dificuldade de origem de fornecimento.
Apesar de a retração acumulada ser a maior em 20 anos e não ter surpreendido o setor, a demanda continua resiliente, destaca Pavel Cardoso, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
Ele explica que essa queda é das vendas da indústria nacional para os supermercados, mas que, surpreendentemente, as vendas do varejo para o consumidor já crescem, pois o brasileiro continua “buscando alternativas para manter o café na cesta alimentar”, acrescenta.
Cardoso lembra que a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) destacou há um mês que o volume das vendas do varejo direto ao consumidor cresceu 3,6% no primeiro trimestre desse ano em relação ao mesmo período de 2024. “Na nossa avaliação, o consumo de café segue firme”, ressalva o presidente da Abic.
Café solúvel em alta, cápsulas em queda
A pesquisa também traz a evolução dos preços médios por categoria de café no varejo. O destaque ficou com o café solúvel, cujo preço subiu 8,55% entre março e abril, atingindo R$ 223,75/kg. Já as cápsulas, produto de maior valor agregado, recuaram 8,11% no mesmo período, caindo de R$ 437,82 para R$ 402,33/kg.
Na comparação anual, o solúvel foi o tipo que mais subiu no mercado em abril, acumulando um reajuste de 85%. Em seguida, vem a categoria gourmet que soma alta de 56% e o tradicional/extraforte que encareceu 50%.
Preços médios do café em abril:
- Tradicional/Extra Forte: R$ 65,50/kg
- Superior: R$ 80,56/kg
- Gourmet: R$ 113,88/kg
- Especial: R$ 137,96/kg
- Descafeinado: R$ 94,98/kg
- Solúvel: R$ 223,75/kg
- Cápsulas: R$ 402,33/kg
- Drip Coffee: R$ 251,48/kg