Publicado em

Governo vai remanejar recursos para recuperar lavouras atingidas por incêndios no Brasil

O Ministério da Agricultura quer concluir ainda nesta semana a criação de uma medida para auxiliar na recuperação de lavouras afetadas por incêndios este ano em diversas regiões do país. O mecanismo escolhido é o remanejamento de valores entre programas do Plano Safra 2024/25 para reforçar linha já existente para restauração de áreas produtivas.

O secretário de Política Agrícola da Pasta, Guilherme Campos, disse que a medida é menos burocrática e pode ser mais rápida que outras iniciativas, como a criação de novas linhas de crédito. Ele não revelou valores, mas disse que o montante será “considerável”, disponibilizado a nível nacional, e irá superar os R$ 500 milhões solicitados por São Paulo recentemente.

O ministério também recebeu demandas de Minas Gerais, disse o secretário. Além disso, a Pasta mantém o alerta para impactos no norte do Paraná, oeste de São Paulo, sul do Mato Grosso do Sul e Triângulo Mineiro. “Lembrando que para o Centro-Oeste, outra região muito afetada, tem o Fundo Constitucional (FCO) de funding para isso”, disse Campos.
“Estamos trabalhando em algo que esteja dentro da nossa alçada no ministério, sem ter que entrar em verba extraordinária, que dependeria de muitos outros atores e seria mais burocrático”, afirmou.

Ele disse que a medida será para atender produtores de todo o país prejudicados pelo fogo. Apesar da maior parte da área queimada ser em São Paulo, o objetivo é ampliar o escopo, já que outros Estados foram atingidos pelos incêndios.

No fim de agosto, com as queimadas que atingiram canaviais no interior paulista, o ministro Carlos Fávaro havia anunciado a formatação de uma linha de crédito específica para o replantio de cana-de-açúcar a partir de remanejamentos no Plano Safra.

Campos sinalizou recentemente que a linha a ser abastecida pelo remanejamento poderia ser a de recuperação de áreas degradadas do RenovAgro, que já tem R$ 2 bilhões, com limite de crédito de R$ 5 milhões, até 12 anos para pagamento e carência máxima de oito anos, com taxa de juros de 7% ao ano.

Ao Valor, ele disse que a Pasta monitora a situação da seca e possíveis impactos no plantio da próxima safra e nos preços dos alimentos, mas que não há nenhuma “luz amarela” neste momento. “A preocupação é mais com o clima seco do que outra coisa, enquanto não chover não tem o que fazer”.

Técnicos da Pasta também acompanham a meteorologia, que indica o início das chuvas na segunda quinzena de setembro, o que viabiliza o plantio de grãos em parte do país. Sobre os preços, a avaliação é que a colheita de soja e milho nos Estados Unidos pressiona as cotações entre estabilidade e baixa, sem sobressaltos. O caso específico do café, cujos preços estão nas alturas, é monitorado.

O subsecretário de Política Agrícola e Negócios Agroambientais do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, disse que ainda não há uma avaliação oficial dos efeitos da seca, mas que se a estiagem persistir nas próximas semanas poderá haver problemas de atraso de plantio da safra. “Ainda é cedo para uma avaliação mais precisa”.

Ele disse que há um efeito ainda limitado sobre os hortifrutigranjeiros, pois boa parte tem algum tipo de irrigação. Bittencourt lembrou, porém, que impactos mais fortes já são sentidos no Norte do país. “Os impactos são mais sentidos pelas próprias comunidades, que têm o transporte de pessoas, de produção e de acesso a bens de consumo afetados pela não navegabilidade dos rios, principal meio de transporte da região”.

 

Repost: https://globorural.globo.com/politica/noticia/2024/09/governo-vai-remanejar-recursos-para-recuperar-lavouras-atingidas-por-incendios-no-brasil.ghtml

Publicado em

Por que o sol está vermelho? Meteorologista explica fenômeno

Vista no Brasil nos últimos dias, a imagem do sol avermelhado parece bonita num primeiro momento. No entanto, a alteração na cor é sinônimo de preocupação. A causa do fenômeno é a combinação da camada de poluição das queimadas com a inclinação dos raios solares, explica Guilherme Borges, meteorologista da Climatempo.

“O que acontece é que estamos com muita fumaça espalhada por amplas áreas, e ela é bem ruim tanto para a saúde como para a visibilidade. Então, a presença da fumaça pelo céu o deixa mais cinza e exerce influência também na tonalidade do sol”, diz.

O especialista ouvido pela Globo Rural completa que é comum observar essa mudança na cor do sol, principalmente, nas primeiras horas da manhã ou no fim da tarde, períodos em que a inclinação dos raios e a interação com a camada de poluição são maiores.

“Isso favorece para que o sol fique vermelho visualmente a olho nu. Com a grande quantidade de fumaça espalhada, tivemos registros de sol vermelho nos três Estados do Sul, no Sudeste e em todo o Centro-Oeste”.

 

Qual é a cor do sol?

É comum que a maioria das respostas seja amarelo, mas a cor natural da estrela localizada no centro do sistema solar é branca. Conforme Borges, quando conseguimos observar o que se dispersa no comprimento de onda que o olho visualiza, enxergamos ele amarelo, mas, em razão da poluição em grande quantidade atualmente, é normal observá-lo vermelho ou num tom alaranjado.

 

O sol vermelho emite mais raios?

É cedo para saber, responde o meteorologista. A princípio, o problema é apenas visual e necessita de um estudo amplo e que tenha impacto na inclinação do sol.

“Estudo radiação no doutorado e sei que essas partículas em suspensão na atmosfera ajudam a atenuar a chegada de radiação até a superfície e, consequentemente, contribuem para o efeito estufa. É uma coisa que a gente sabe que causa, mas o quanto causa vamos saber após um estudo efetivo”.

 

Efeito dominó na atmosfera

Apesar de o sol ficar vermelho pela combinação da inclinação dos raios com a camada de poluição, a onda de calor em ação e considerada a mais intensa e duradoura de 2024 também influencia no fenômeno por bloquear as chuvas. A explicação está no clima.

“O inverno já é caracterizado por ser uma estação de queimadas, mas a gente vem com esses períodos de temperatura acima da média e pouca chuva há meses. E o outono, que deveria ser a transição da chuva para a estiagem, foi completamente seco. Então, quando chegamos no momento frio, ele se apresentou como extremamente seco em um ambiente muito inflamado e favorecido pela pouca chuva, umidade relativa do ar baixa e calor, gatilho para os incêndios e, por consequência, a poluição”, detalha.

 

As queimadas no Brasil

Os incêndios têm atingido os principais biomas do país. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), somente em agosto, 68 mil focos foram registrados, o maior número desde 2010.

Outro dado expressivo do mês foi divulgado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM): de 4,4 milhões de pessoas afetadas pelos incêndios neste ano, 90% sofreram algum efeito em agosto.

Em São Paulo, por exemplo, os prejuízos ao agronegócio devem ultrapassar os R$ 2 bilhões, conforme a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, principalmente no setor sucroenergético pelos incêndios em lavouras de cana-de-açúcar. Há também registros em áreas de grãos e na pecuária.

 

Repost: https://globorural.globo.com/clima/noticia/2024/09/por-que-o-sol-esta-vermelho-meteorologista-explica-fenomeno.ghtml?ref=SaibaMaisMidArticle_Globo_Rural

Publicado em

Chuva preta pode prejudicar agricultura? Especialistas analisam

Os episódios de chuva preta (ou escura) registrados no Rio Grande do Sul, no início da semana, devem se repetir em outras regiões do Brasil. Meteorologistas preveem mudanças no tempo que favorecem a ocorrência do fenômeno. Os mapas mostram a movimentação do vento transportando a fumaça e também áreas com maior concentração de poluentes, que estão mais sujeitas a receberem a chuva preta. O avanço de uma frente fria com origem no Sul deve fazer chover em algumas áreas do Sudeste.

No momento, a parte central da América do Sul, incluindo regiões da Argentina, Paraguai e Bolívia, além de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo, são as áreas com a maior concentração de poluentes na atmosfera.

“O número de queimadas tem aumentado muito nas últimas semanas, principalmente, nas grandes metrópoles, como em São Paulo e no Sul. Muito se deve pela movimentação atmosférica que traz a umidade da Amazônia e alimenta os sistemas, causando chuva. Essa circulação é a mesma que traz fuligem”, explica o meteorologista Willians Bini.

 

O que é chuva preta?

O fenômeno se forma quando a água que sai da nuvem encontra sujeira e poluição oriunda das queimadas pelo caminho. Desta forma, cai no solo com outra colocação e não transparente. A alteração na cor da chuva é incomum e está relacionada diretamente com as queimadas no Brasil e em países vizinhos na América do Sul, como Argentina, Bolívia e Paraguai.

Willians Bini reforça que a chuva preta acontece apenas quando a quantidade de poluição no ar é muito alta. A situação é diferente em cidades como São Paulo, por exemplo, conhecida pela presença de impurezas, mas em um nível menor.

“Sabemos que tem áreas assim, mas, como agora, estamos passando por um processo um pouco mais crítico, devido às queimadas, acaba potencializando a coloração mais forte da chuva, que tira toda a fuligem ao realizar o processo de lavagem na atmosfera poluída”, explica

 

Chuva preta pode prejudicar a agricultura?

Segundo Bini, a chuva preta pode prejudicar a atividade por causa da contaminação da água pelos componentes da fuligem. Um dos materiais poluentes é o carbono negro, resultante da queima incompleta de biomassa das queimadas e dos combustíveis fósseis.

“A primavera começa ainda neste mês, e a umidade vai aumentando. Com as chuvas acontecendo, elas carregam toda essa poluição em direção ao solo, elas varrem, o que é muito bom, pois limpa a atmosfera, mas, ao mesmo tempo, a sujeira em áreas de cultura acaba indo para as plantações”, diz.

A ocorrência de chuva preta em áreas de lavoura pode causar três tipos de problemas aos produtores rurais. O primeiro é de nutrição, porque as plantas encontram dificuldade de absorver os nutrientes pela presença da fuligem na composição química do solo, o que reduz a produtividade;

O segundo é a dificuldade de realizar a fotossíntese, porque a presença de fuligem na camada superficial das folhas impede o processo que converte a energia do sol em energia química; E o terceiro é o maior risco de doenças nas plantas, pois a mudança na composição química do solo causa o surgimento de fungos e bactérias patogênicas nas plantas.

“É um grande desafio para a agricultura no início da semeadura em muitas regiões do Brasil e um novo desafio que os produtores devem ter. Estamos saindo de um período muito seco e quente, onde as primeiras chuvas vão trazer essa sujeira para o solo”, finaliza.

 

Dificuldade de comercializar

Guilherme Miranda, engenheiro agrônomo e pesquisador de hidrologia na Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), avalia que o problema com a chuva preta é muito mais visual do que de riscos ao desenvolvimento das lavouras.

Em hortaliças, por exemplo, diz o pesquisador, a chuva em uma coloração incomum pode comprometer a comercialização por causa da aparência. Miranda pontua que há contaminantes mais prejudiciais e preocupantes para agropecuária do que a chuva preta.

“Eu não sei qual a composição dessa água suja. Isso faz com que o solo absorva e isso vai decompondo no próprio solo. Seria diferente se fosse uma nuvem radioativa. A situação da chuva preta na agricultura não é uma situação tão relevante. A planta é seletiva e só absorve o que é bom para ela”.

Na opinião do engenheiro agrônomo da Epagri, a nebulosidade e causada pelas queimadas no Brasil pode prejudicar mais a agricultura.

“Essa condição na atmosfera não deixa a radiação ser direta nas lavouras, é uma radiação indireta, e as plantas não conseguem transpirar. Os raios de sol são bloqueados, impactam e causam a radiação difusa. Eles batem naquele bloqueio de partículas em suspensão e se dispersam no ambiente”, diz.

 

Repost: https://globorural.globo.com/clima/noticia/2024/09/chuva-preta-pode-prejudicar-agricultura-especialistas-analisam.ghtml

 

 

 

Publicado em

Áreas queimadas mais que dobram em um ano e atingem 5,65 milhões de hectares

Quase metade da área atingida por queimadas no Brasil em 2024 foi registrada em agosto. Foram 5,65 milhões de hectares (49% do total), segundo levantamento do Monitor do Fogo, do MapBiomas, divulgado nesta quinta-feira (12/9). A extensão é equivale ao tamanho do estado da Paraíba (que tem 5,6 milhões de hectares).

Comparados com os registros de 2023, os dados mostram aumento de 149%, ou seja, 3,3 milhões de hectares queimados a mais. Foi o pior agosto da série do Monitor de Fogo, iniciada em 2019. As pastagens respondem por um de cada quatro hectares queimados (24%) e se destacam como a área de uso agropecuário que mais queimou em agosto.

Cerrado foi o bioma com a maior área queimada em agosto de 2024, com 2,4 milhões de hectares, ou 43% de toda a área queimada no Brasil no período.

“Agosto trouxe um cenário alarmante para o Cerrado, com a maior área queimada nos últimos seis anos, refletindo a baixa qualidade do ar nas cidades” diz Vera Arruda, pesquisadora no Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e coordenadora técnica do Monitor do Fogo.

Com 2 milhões de hectares queimados, a Amazônia vem em seguida. Dois estados mais atingidos pelo fogo ficam no bioma: Mato Grosso (região Norte) e Pará. Na sequência se destaca o Mato Grosso do Sul. Os municípios de São Félix do Xingu (PA), Corumbá (MS) e Porto Murtinho (MS) foram os que apresentaram as maiores áreas queimadas.

“Em agosto, o fogo na Amazônia avançou de maneira preocupante, com 30% da área queimada em formação florestal. A combinação de atividades humanas e condições climáticas desfavoráveis, como a seca, está intensificando a ocorrência de incêndios, especialmente em áreas de pastagem e vegetação nativa”, explica Ane Alencar, diretora de Ciências do IPAM e coordenadora do MapBiomas Fogo.

 

Queimadas no ano

Com o crescimento da área queimada no Brasil em agosto, o total acumulado desde janeiro mais que dobrou em relação ao mesmo período de 2023. Foram 11,39 milhões de hectares, cerca de 6 milhões de hectares a mais, com um crescimento de 116%, na comparação com o ano passado. Quase três em cada quatro hectares (70%) queimados foram de vegetação nativa, principalmente em formações campestres, que representaram um quarto (24,7%) de toda a área queimada no Brasil nos oito primeiros meses deste ano.

A área queimada em São Paulo nos primeiros oito meses do ano foi de 430 mil hectares. Especificamente em agosto houve um aumento de 2.510% em relação à média dos últimos seis anos, foram 356 mil hectares queimados a mais do que no mesmo mês em anos anteriores. “Grande parte dos incêndios observados em São Paulo tiveram início em áreas agrícolas, principalmente nas plantações de cana-de-açúcar, que foram as áreas mais afetadas do estado.

Alguns fatores como a baixa umidade do ar, ventos fortes e presença de material combustível, como matéria orgânica seca, contribuem com a rápida propagação do fogo. Esses eventos trazem graves consequências à saúde da população, à infraestrutura local e ao meio ambiente e medidas mais eficazes de prevenção e controle se fazem necessárias para reduzir os riscos associados ao fogo”, comenta Natália Crusco, coordenadora técnica da equipe da Mata Atlântica do MapBiomas.

 

Estados com mais queimadas no Brasil

O estado do Mato Grosso concentrou 21% da área queimada no Brasil entre janeiro e agosto, com 2,3 milhões de hectares. Roraima, com 1,99 milhão de hectares (17%), e Pará, com 1,56 milhão (14%), ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente.

Embora esses três Estados respondam por mais da metade da área queimada no período (52%), é no Mato Grosso do Sul que fica o município com maior área queimada entre janeiro e agosto de 2024: Corumbá, com 616,9 mil hectares. São Félix do Xingu (PA) e Amajari (RR) vêm na sequência, em segundo e terceiro lugares, com 277,9 mil hectares e 250,9 mil hectares, respectivamente.

Os três estados que mais queimaram nos oito primeiros meses deste ano ficam na Amazônia – bioma que concentrou 48% de toda a área queimada no Brasil no período: 5,4 milhões de hectares.

A área queimada no Pantanal aumentou 249% em comparação à média dos cinco anos anteriores, para 1,22 milhão de hectares, 874 mil hectares a mais que a média. Mais da metade desse total (52%) queimou em agosto. Os 648 mil hectares queimados em agosto representam a maior área queimada já observada no Pantanal para esse mês pelo Monitor do Fogo do MapBiomas.

“A atenção para a alta incidência de incêndios permanece, visto que o mês de setembro é historicamente o mês que mais queima no bioma, que passa por um período de seca extrema”, alerta Eduardo Rosa, do MapBiomas.

Em agosto, 500 mil hectares foram queimados na Mata Atlântica. Isso representa um aumento de 683% em relação à média anterior. O total queimado entre janeiro e agosto deste ano foi de 615 mil hectares. Quase três em cada quatro hectares (72%) eram de áreas agropecuárias, com a cana-de-açúcar como a mais impactada, com 215 mil hectares queimados em agosto.

Fonte: https://brasil.mapbiomas.org/dados-monitor-mensal-do-fogo/

 

Repost: https://globorural.globo.com/clima/noticia/2024/09/areas-queimadas-mais-que-dobram-em-um-ano-e-atingem-565-milhoes-de-hectares.ghtml