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Setor de couros acelera exportações aos EUA antes do tarifaço

Curtumes relatam interrupção nas negociações com importadores americanos em vendas que rendem US$ 200 milhões por ano.

A indústria de couro brasileira intensificou a exportação por avião para os Estados Unidos na última semana para tentar entregar os produtos antes da entrada em vigor das tarifas de 50% impostas por Donald Trump. Curtumes relatam interrupção nas negociações com importadores americanos em vendas que rendem US$ 200 milhões por ano.

O presidente executivo do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), José Fernando Bello, afirmou ao Valor que o setor está preocupado com o impacto do tarifaço e que “perde duplamente”, pois a indústria de calçados, também sobretaxada pelos EUA, deixam de comprar dos curtumes diante das incertezas do mercado.

“Para nós é bastante difícil. Os Estados Unidos são nosso segundo maior cliente, compram couro de valor agregado para as indústrias da moda e o setor automotivo. É um cliente que demoramos a conquistar, tem normas técnicas rígidas, qualidade rígida, e não gostaríamos de perdê-lo. Vamos fazer de tudo para mantê-los”, disse após participar de reunião com ministros para tratar de medidas de apoio aos exportadores diante do tarifaço.

“São US$ 200 milhões por ano. Além de perder parte dessa venda, ainda tem o cliente interno que é o calçado, que está na iminência de perder a exportação do calçado em couro. Perdemos a venda no mercado interno que também exporta para os EUA. Perdemos duas vezes, o que é bastante dramático”, completou.

Segundo ele, os curtumes nacionais relataram que os pedidos dos importadores norte-americanos não estão sendo renovados por conta da expectativa de implementação das tarifas. Bello, no entanto, não tem um levantamento do potencial prejuízo que as empresas terão se o governo não conseguir negociar a inclusão do setor na lista de exceção ou reduzir a tarifa cobrada pelos EUA.

“Alguns curtumes enviaram muita mercadoria via aérea para pegar o prazo de entrega, para estar dentro do prazo e fazer estoque com seu cliente e dar tempo de os governos se acertarem”, informou.

Em reunião nesta segunda-feira (4/8) entre representantes do setores produtivos e ministros em Brasília, Bello reiterou os pedidos do setor para que haja negociação com os EUA para eliminação das tarifas ou, ao menos, a redução das alíquotas para o patamar anterior, de 10%, tido como “aceitável” no mercado.

“Se possível, queremos eliminá-las. Pedimos também para, na medida do possível, apoiar as empresas que não estão contempladas na redução da tarifa, com linhas de créditos de financiamentos com juros subsidiados, a agilização para devolução dos créditos tributários de exportação de PIS/Cofins e o ICMS dos Estados, e construir um sistema de apoio ao desemprego que poderão vir nas indústrias com modelo parecido ao feito na pandemia”, completou.

Cada setor ouvido nesta segunda-feira deverá formalizar as demandas ao governo nos próximos dias. “O governo escutou, anotou, pediu para cada setor formalizar, protocolar as demandas, e indicar quais mercados seriam potenciais, que o governo poderia ajudar para aumentar as vendas e diminuir o impacto da não venda aos EUA”, concluiu.

 

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Contra o tarifaço, governo pode aumentar percentual de adição de frutas em bebidas

Medida seria uma forma de dar destinação a produtos, como manga e mamão, que podem perder mercado nos EUA.

Uma das medidas analisadas pelo governo para absorver internamente produtos que eventualmente deixarão de ser exportados é estipular um percentual obrigatório de adição de frutas em sucos, refrescos e refrigerantes, disse uma fonte que participou da reunião entre entidades do agronegócio e ministros sobre o tarifaço dos Estados Unidos nesta segunda-feira (4/8).

A medida seria uma forma de dar destinação a produtos, como manga e mamão, que podem perder mercado nos EUA. Fruticultores e exportadores do Vale do São Francisco, na divisa entre Bahia e Pernambuco, relatam apreensão com o tarifaço e a falta de alternativa para venda dos produtos.

Mais cedo, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que a Pasta vai focar em regulamentações internas para viabilizar o consumo doméstico de alguns itens que deixarão de ser exportados, mas não mencionou essa medida.

“Pedimos aos setores para fazer proposta para o plano de contingência, para que esses produtos sejam absorvidos no mercado interno, nos programas que exigem mistura de produtos, para que sejam naturais, como frutas em bebidas adocicadas e sorvetes, e que possam ser absorvidos nos programas de compras públicas pela União, Estados e municípios ou possam também receber algum subsídio”, disse o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, a jornalistas após a reunião.

 

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Embrapa estuda como aproveitar agave para produzir etanol

Planta é usada para fabricação de tequila e sisal, e só 4% da biomassa é aproveitada atualmente nas regiões produtoras do semiárido baiano.

Há um esforço em curso para viabilizar o uso do agave, planta da qual se produz tequila e fibra de sisal e que é cultivado no semiárido baiano, como matéria-prima para a produção de etanol. Em 2024, o governo da Bahia e a Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) começaram a capacitar agricultores do Estado para cultivar agave. Agora, a Embrapa vai entrar com pesquisas, junto a uma empresa local, para estudar como tirar o melhor proveito da planta na produção do biocombustível.

A Embrapa vai utilizar diversas variedades de agave em seu banco de germoplasma, como a Agave sisalana, propícia para a extração das fibras de sisal, e a Agave tequilana, mais utilizada na produção da bebida. A ideia, segundo a empresa de pesquisa, é desenvolver sistemas de cultivo para as variedades que garantam um rendimento maior. A pesquisa está sendo conduzida pela unidade Embrapa Algodão.

A Santa Anna Bioenergia, criada em 2022 para realizar pesquisas voltadas à agricultura, vai atuar em parceria com a Embrapa e já trouxe 500 mudas de agave azul (Agave tequilana Weber var. Azul) do México, onde é plantada para a produção de tequila. As mudas já passaram por quarentena.

Pesquisa em curso

Uma equipe de pesquisadores está começando a estudar como a espécie se comporta no solo do município de Jacobina (BA), onde será instalada uma Unidade de Referência Tecnológica (URT). Também serão instaladas outras duas unidades em Alagoinha (PB) e Monteiro (PB). No total, 1,8 mil mudas serão plantadas nesses três municípios, na primeira etapa do projeto.

Diferentemente da cana-de-açúcar, que demanda um volume considerável de água durante seu desenvolvimento, o agave é uma planta xerófila, o que significa que ela é adaptada a ambientes secos e com pouca água, como o semiárido nordestino e áreas desérticas no México.

Por outro lado, para que um pé de agave esteja pronto para ser colhido com rendimento, leva-se cinco anos ou mais, enquanto a colheita da cana-de-açúcar demora entre um ano e um ano e meio, a depender da variedade.

Para garantir que o cultivo de agave faça sentido econômico, será preciso plantar em etapas, explica Tarcísio Gondim, pesquisador da Embrapa Algodão.

“O escalonamento das áreas de plantio ao longo do período permitirá a estabilização da produção de biomassa para fins energéticos, garantindo competitividade na exploração comercial no Semiárido. Para que isso se concretize, é necessário investir em estudos para avançar na padronização de cultivares, no manejo da cultura, nos tratos culturais, na fertilidade do solo, na mecanização do cultivo e no processamento integral da biomassa”, diz.

No México, boa parte do cultivo de agave azul é feito de forma mecanizada, como preparo do solo, adubação, capina, aplicação de inseticidas e herbicidas. Apenas o plantio é feito manualmente. “Nossa visão de futuro é ter grandes áreas cultivadas com agave, e isso não pode ser feito manualmente”, defende Odilon Reny Ribeiro, pesquisador da Embrapa Algodão especialista em mecanização agrícola.

Os pesquisadores vão realizar ensaios para fazer recomendação de arranjos de plantio, adubação e tratos culturais. Também vão trabalhar em uma metodologia para medir o carbono e as propriedades químicas dos componentes da biomassa de agave no processo de pós-colheita.

Após ser usado na produção de etanol, os resíduos industriais ainda podem ser usados como ração de ruminantes, o que tem especial função no semiárido, já que durante a seca os animais ficam com pouca opção de forragem.

Importância do agave

Segundo Gondim, o desenvolvimento da cadeia do agave para a produção de etanol “pode contribuir para mitigar desigualdades regionais e enfrentar a precarização das áreas sisaleiras do Nordeste brasileiro”, ao resultar na produção de biocombustível, na produção de alimentos para ruminantes, e na captura de gás carbônico em regiões de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Região sisaleira da Bahia e perfis de solo — Foto: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária/Reprodução

Atualmente, apenas 4% da biomassa do agave sisalano cultivado no semiárido é utilizado pela indústria. O Brasil produziu 95 mil toneladas de fibra em 2023, sendo a Bahia o principal produtor, com 95% do volume, dentro do chamado Território do Sisal, que abrange 20 municípios. Em segundo lugar está a Paraíba. Segundo a Embrapa, o Brasil é o maior produto de sisal do mundo.

Fomento ao Agave

Além da pesquisa capitaneada pela Embrapa, o governo da Bahia também vem investindo para estimular a cadeia do agave no Estado. Uma parceria do governo com a ABDI selecionou a Associação Comunitária de Produção e Comercialização do Sisal (APAEB), em Serrinha (BA), para capacitar ao menos 400 agricultores. Com o projeto, a ideia é que os produtores passem a utilizar 95% da planta, elevando sua renda.

 

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Preço do boi gordo começa a apresentar recuperação

Menor oferta de boiadas terminadas e a melhora no escoamento da carne abriram espaço para aumentos das cotações em várias regiões.

Depois de enfrentar uma forte pressão baixista em julho, o mercado pecuário começa a esboçar uma recuperação das cotações no início de agosto. Nesta segunda-feira (4/8), apesar de um mercado mais especulativo do que ativo em negociações, a menor oferta de boiadas terminadas e a melhora no escoamento da carne abriram espaço para aumentos de preços em várias regiões, informa a Scot Consultoria.

Das 32 praças pecuárias monitoradas pela Scot, 24 permaneceram com preços estáveis para o boi gordo nesta segunda-feira, enquanto oito registraram altas. Entre as regiões que tiveram aumentos estão Araçatuba (SP) e Barretos (SP), referências para as cotações do setor.

Nas praças paulistas, o aumento foi de R$ 2 para todas as categorias. Com isso, o preço do boi gordo passou para R$ 297 a arroba para o pagamento a prazo.

Segundo o analista Felipe Fabri, da Scot Consultoria, o mercado foi sustentado por uma diminuição de oferta de boiadas frente ao que vinha sendo entregue até então.

“O fato é que o clima tem pesado e a oferta de gado de pastagem já tem escasseado ao longo dos últimos dias. O pecuarista que ainda tem pastagem para conseguir segurar o seu rebanho – mesmo que com uma suplementação – não tem entregue essa boiada com facilidade. A indústria também viu suas escalas darem uma diminuída e com isso precisou sair as compras ofertando mais pela arroba do boi gordo”, explica.

A alta dos animais também está se refletindo na carne para o varejo. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a carcaça casada de boi no atacado da Grande São Paulo aumentou 3,1% na última semana, com o quilo voltando a R$ 20,59 à vista no dia 1º de agosto.

 

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